terça-feira, 11 de agosto de 2009

Um ano depois

Teimei em rever Na Natureza Selvagem. Passou no domingo na tv, mas tava muito cansada e dormi. Reprisou agora, e de novo tentei ver. Mas não dormi. E como poderia?

Durante o filme, me dei conta que a primeira vez que o assisti foi no ano passado. Agosto de 2008. Na época em que vi, meu mundo tava todo revirado. Alguém tinha passado por ali, e bagunçou tudo. Puxou meu tapete, chacoalhou minha cabeça, deu um chute na minha bunda e ainda ficou me vendo jogada no chão, chorando minha desgraça e foi embora sem estender a mão. Enquanto eu assistia o filme, um nó se instalou na minha garganta. Não desatei tão cedo. Ficou ali, latejando, me impedindo de pensar, de comer, de viver direito. Um mês antes, eu estava me preparando pra finalmente dar o fora daqui. Ia embora de vez. Mas em agosto tudo deu errado e tive que ficar. Tive que ficar e assistir aquele filme. Tem castigo maior? Alexander Supertramp, poderoso de si mesmo, com a cara, a coragem e todo dispreendimento possível foi e fez o que eu ia/queria/sempre quis e ainda quero fazer: me libertar.

Depois desse mês de agosto de 2008, fiquei um bom tempo perdida, tentando entender ao menos um pouco do que se passava comigo. Foi um processo longo e doloroso. Mas sabe do melhor: eu entendi. Talvez agora, que assisti pela segunda vez, um ano depois, eu tenha entendido realmente tudo que precisava entender.

Posso dizer aqui com orgulho, que esse um ano que se passou, foi o melhor um ano que eu poderia ter. Não tiraria nada. Não colocaria nada. Preciso continuar vivendo, amadurecendo, crescendo e me jogando por aí, mundo afora. Em agosto de 2010 minha vida vai estar totalmente diferente do que sempre foi. Não faço idéia de como será, e agora não me preocupo com isso. O que importa é que eu sei disso tudo, e que da minha vida eu quero muito mais.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O diário

inspirada pela chuva, frio, vento, e conversas inesperadas sobre sentimentos enterrados, resolvi postar - copiando a idéia, claro - uma parte do meu diário falido. adaptado, pra evitar conflitos e interpretações desnecessários.

e ps.: tudo aqui é nostalgia:


5 de março de 2009.
Eu não entendo como posso me apegar tão rápido. E me apaixonar assim, a ponto de ter um choro inconsolável por algo que ainda nem é definitivo. Ele vai pra casa dos pais nesse final de semana. Disse que vai pensar sobre a vida dele e sobre a gente e quando voltar, conversamos. Ele é orgulhoso. "Decidi assim antes, não vou voltar atrás". Parece que consigo ouvir ele falando. Ah! Como eu to triste! Eu não contei pra ninguém ainda, e por enquanto nem quero. E se for parar pra pensar, pra quem eu vou contar? Eu e meu egoísmo andamos sozinhos já faz um tempo.
Eu quero ligar pra ele e dizer que meu namorado me pediu um tempo. Deitar no colo dele e chorar enquanto ele acaricia meus cabelos e minha pele, e diz: "Não chora, querida. Ele vai voltar." Mas isso eu não consigo ouvir ele dizendo. E como eu queria poder ouvir.
Quando ele veio pedir um tempo, na hora eu já soube. Minutos antes a gente tava no carro, e pela primeira vez o silêncio se instalou de forma constrangedora. Eu pensei que o tédio tinha chegado. Mas quando ele desligou o carro, tirou os óculos para dizer que queria conversar, eu logo soube. Não quis tirar meus óculos, não queria que ele me visse chorando.

6 de março de 2009.
Eu chorei depois que desliguei o telefone. Mas o nó na garganta tá desde que eu acordei. Hoje o dia vai ser agitado, vou sair com minhas primas, e me distrair vai ser bom. Preciso arranjar alguma coisa pro domingo, não quero ficar sozinha em casa esperando ele voltar. Odeio pensar demais nisso.

8 de março de 2009.
Eu descobri que há vida sem ele. Quer dizer, eu já sabia, mas não queria aceitar isso. Ontem fui no aniversário de uma amiga. Ri, bebi, conversei, e me diverti muito. São todos amigos dele e perguntavam por ele o tempo todo. Essa parte não era difícil de dizer, ele tinha mesmo ido pra casa dos pais. Lá eu pensei nele, claro. Pegava meu celular de vez em quando pra ver se ele tinha dado algum sinal. Antes de dormir me deu vontade de ligar, mas não fiz.
Hoje fiquei largada o dia todo. Choveu muito. Não dá pra querer fazer algo num domingo chuvoso. Quando era perto das 15h ele ligou dizendo que tava voltando. Perto das 23h, ligou de novo: "É pedir muito pedir pra você descer e me dar um abraço?". Eu tava de pijama e vendo filme, não tava esperando ver ele hoje, mas como eu ia dizer não? Era tudo que eu queria.
Desci. Demos um selinho e um abraço muito forte. Ficamos assim por alguns minutos. Ele disse que sentia falta do meu abraço. E eu também tava, e como! Ficamos um tempo conversando. Sobre o final de semana, não sobre a gente. Talvez amanhã falemos de algo, ou terça. Não importa. Ele sente falta do meu abraço e com isso já me sinto bem. Eu sei viver sem ele. Mas não quero. Não agora.

10 de março de 2009.
Ontem ele não me deu sinal de vida. Achei estranho.
Fui na psicóloga hoje e percebi que devo encarar o fim do namoro da melhor forma. Se ele quiser ficar comigo, tem que ser da melhor forma. Não vai durar se ele ficar na rotina auto destrutiva e não cuidar dele mesmo. A gente ia conversar amanhã, mas preciso fazer isso hoje.

11 de março de 2009.
Pronto! Tá feito! Resolvemos terminar. Algo me diz que é temporário. Ele veio aqui e conversamos. Ele disse que vai continuar me procurando. Tomara. Eu quero ele por perto. Ele me faz bem. Vou tentar não procurar tanto. Não quero me prender, mas espero que quando ele fique bem de novo, continue gostando de mim e eu dele. É realmente alguém que eu nunca imaginei encontrar. Mas tudo tem seu tempo. Não quero apressar nada.

13 de março de 2009.
Não tenho muita coisa pra contar. Os dias passam devagar e eu não tenho feito nada de divertido. Me arrisco dizer que nem de não-divertido eu tenho feito.

23 de março de 2009.
Hoje não é um dia legal. Ando mudando muito de humor. Quero chorar até dormir. E amanhã é feriado. Vai ser outro domingo longo.

28 de março de 2009.
Fui ontem na formatura do Cinema e a tarde liguei pra ele. Ele tinha mandado uma mensagem na noite anterior pedindo pra conversar. Ele tá pensando em voltar pra cidade dele. Se ele for, definitivamente é o nosso fim. A decisão é dele, e apesar de eu achar ruim e precipitada, não posso fazer nada. Combinamos de almoçar hoje juntos. Eu fui de ressaca mesmo, conversamos sobre várias coisas. Percebi que to lidando melhor com a ausência dele. Nas outras vezes que nos falamos, eu passava o resto do dia e o dia seguinte pensando em milhões de coisas e isso só ia me enlouquecendo mais. Mas hoje foi tranquilo. Pensei pouco nele e não tive vontade de procurar.
Percebi também que ele tem um carinho grande por mim - e eu já sabia disso antes, mas não sabia como tava agora. Ele disse que gosta da minha companhia, e eu também gosto da dele. Acho um desperdício a gente não estar juntos, já que combinamos tanto. Mas tudo bem, as coisas são do jeito que são. Um dia eu entendo melhor porque tudo isso aconteceu.

30 de março de 2009.
Ontem foi um domingo entediante. Almoçei pizza com a mãe e passei o dia vendo tv. Li um pouco do Bauman. A tarde meu amigo passou aqui em casa pra me dar um oi. Faziam mais de 3 anos que não nos víamos. Ele é um bom amigo. A noite fiquei um pouco no msn, coisa que não faço já faz tempo. Combinei com minha amiga de andarmos de bicicleta, mas de manhã ela mandou uma mensagem cancelando. Minha aula de hoje também foi cancelada e resolvi ir no cinema assistir "Gran Torino". Muito bom. Quando voltei, dei uma volta com a Lazy. Fiz ela correr atrás dos gravetos que eu jogava. Cansou, tadinha. Quando voltei pra casa, liguei pra mãe e fomos comer cachorro-quente. Tava delicioso.


(Ouvindo: Damien Rice - Elephant)

domingo, 2 de agosto de 2009

Nothing you can say is gonna change the way I feel

É certo que quando eu não tenho nada para dizer, algo está errado. Não sei se é o cansaço é por dormir tarde ou de ver filmes demais, ou dos dois. Sei que estou aqui, buscando as palavras que quero dizer a tanto tempo mas que me impedem de começar pelo menos um parágrafo.

Já se passaram uns bons cinco minutos que olho fixamente pro computador. Pisco algumas vezes, mas não mudo a direção do olhar. Encaro o cursor por algum tempo, procurando alguma indicação de quais palavras devo usar. Pisco mais uma, duas, três vezes e resolvo escrever sobre o cursor, eu que o encaro, e o texto que deveria surgir.

Me sinto cansada. Já falei isso hoje? Pois talvez me sinta mais ainda. Não está tarde, e tenho me acostumado a dormir bem depois disso. Mas ainda assim meus olhos piscam lentos, como se minhas pálpebras estivessem pesadas, e de fato estão. Faz quanto tempo que não durmo? Por quantas horas fiquei acordada? Não faço as contas. Deixo a pergunta sobrecarregar nos meus ombros. Mais um peso sobre eles. Já estão acostumados e não me incomodo mais tanto.


Desisto. Desisto de tentar falar alguma coisa hoje. Cansei de ficar buscando o que dizer. Elas virão Lígia, tu sabe disso. No final das contas, todas as palavras virão; e junto, quem sabe, também as oportunidades, as respostas, as escolhas... E então voltarei a falar de coisas boas, ou de coisas ruins. Porque nem tudo é feito de posts sobre o inverno, o dia branco, e o frio na nuca. E disso eu sempre soube.


(Música: Kings of Convenience - Mrs. Cold)