quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Do aeroporto pro mundo

Eu gosto de fazer as malas. Significa que eu vou viajar. Não importa por quanto tempo, pra qual lugar. Gosto de estar na estrada, conhecer lugares diferentes. Antes eu ficava fascinada toda vez que viajava de avião, talvez por ser novidade, mas acho que por ter viajado um bocado de vezes, avião decolando ou pousando não me impressiona mais, pelo contrário. Será que um dia vou deixar de me impressionar, por exemplo, pela Europa?

Estar de partida me agrada, não sei na verdade por qual motivo. Já falei mil vezes que sinto não pertencer a minha cidade, e que talvez a nenhuma outra. Porém, o que me incomoda partir é ter que deixar as pessoas que eu gosto e me fazem bem. Ultimamente eu assumi duas posturas na minha vida: não me preocupar demais e não me apegar muito às coisas e pessoas, pois eu sei que um dia vou partir e terei que os deixar.

Seja lá quando e pra onde eu for, sei que levarei comigo um pedaço de cada pessoa que faz parte da minha vida. E assim irei me moldando: sendo um pouco de mim e um pouco de quem eu gosto. Não tem aquela história que ficamos parecidos com nossos amigos? É isso. E o lugar que eu deixar, ficará um pedaço de mim. Gosto da idéia de deixar nas pessoas um pouco de mim também. Me dei conta agora que outra coisa que eu sempre quis, além de viajar pelo mundo, é deixar minha marca por onde passo. Gosto quando as pessoas lembram de mim por coisas que eu fiz ou falei, quando lêem algo meu, assistem algo que eu fiz e ali, me reconhecem.

Acho que isso tudo se trata de sentir saudade. Porque eu tenho essa vontade fulminante de sentir saudade das pessoas? Talvez a graça de partir, seja voltar. Mas e se o plano não for voltar? Digo, não é uma viagem por alguns dias, é um planejamento de vida: é daqui, pro mundo, é lígiapromundo. Se eu viajar mundo afora, eu volto? E se eu voltar, como será? As minhas pessoas ainda serão as minhas? Eu ainda serei delas? Ainda estarei formadas por aquelas pessoas que deixei, ou estarei por outras?

Não canso de me perguntar o que eu realmente quero da minha vida. Hoje eu acordei concluindo que eu mudei, que não sou mais a Lígia de 18 anos, quando entrou na faculdade. Eu tenho 21 agora, e acho que ainda tô longe de ser quem eu serei aos 26, mas não tanto quando eu estava aos 15. E afinal, quem eu quero ser? Aonde eu quero estar? Estarei fazendo o que aos 26? Vou estar ilegal em algum país? Com um filho? Com dois? Casada, separada, morta? Famosa, desconhecida, com quantos filmes lançados, quantos livros publicados? Algum, afinal? Quanto mais eu penso, menos eu sei. E essa, já tinha concluído a um tempo atrás, deveria ser minha terceira postura de vida: não pensar tanto tempo naquilo que ainda não tem resposta. Pra tudo tem sua hora, Lígia. Já repeti isso umas tantas vezes. As respostas sempre aparecem na hora certa. E enquanto não chegam, a única coisa que me resta fazer é me divertir. Aproveitar meus amigos, meu namorado, minha família. Construir hoje o que eu quero ser agora. E amanhã, deixa pra amanhã.

Bom, chegou a hora do meu embarque. Em duas horas chego na minha cidade de novo. Curiosamente estou ansiosa pra voltar.

Um beijo a todos vocês que me fazem bem, que me fazem querer ficar aqui. E não é preciso citar nomes, cada um sabe da importância que tem pra mim.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Alice

Alice já tinha se acostumado a ler no ônibus. Aliás, para ela, esse era o único lugar em que as leituras fluíam e agora, sem suas viagens diárias, não conseguia ler quase nada. Então, em um dia cinza e chuvoso, Alice resolveu ir até o ponto de ônibus mais próximo e pegar o primeiro que passasse. Sentou-se no ponto e contou as moedas. Esperou abrir o livro dentro do ônibus para não interromper a leitura. Ela gosta mesmo ler várias páginas sem interrupções.

O ônibus demorava para chegar. Lembrou-se que naquele ponto realmente passavam poucas linhas. Enquanto esperava, observava as pessoas na rua. Viu um casal passando. Notou que ele estava chateado com ela. A garota tentou pegar na mão do namorado umas duas vezes e ele esquivou nas duas. Pararam pra discutir um pouco. O garoto falava enquanto ela ouvia com a cabeça baixa. Alice achou que ele disse a ela algo que não deveria. A garota levantou a cabeça e saiu brava. Ele ficou olhando a namorada ir embora. Ela olhou pra trás e gritou algo que Alice não conseguiu ouvir. Podia ter sido "Eu te amo, idiota". Mas achou que foi "Me esquece, idiota". Ele não voltou atrás dela. Alice pensou que não voltaria também, apesar de não saber quem fez o que de errado.

Alice então se distraiu com um senhor que passeava com o neto e o cachorro. A criança tentava guiar o cachorro pela coleira, mas o cachorro era forte demais e quase derrubava a criança. O avô achava graça apesar do neto se sentir envergonhado por não ter forças para levar um labrador para passear. Mas era labrador. Altamente compreensível umas criança de uns 6 anos não conseguir segurar. Alice lembrou do cão que teve na infância. Pensou em ter outro, mas logo em seguida se deu conta que seu futuro incerto não permitiria a responsabilidade de cuidar de um cachorro. Mas vontade não lhe faltou. Pensou em se oferecer para cuidar do cachorro do vizinho quando ele fosse viajar. Ficou de fazer isso quando voltasse para casa.

Enfim o ônibus chegou. Por pouco Alice o perde. Mas conseguiu ver a tempo. Subiu e pagou com moedas. O cobrador ficou feliz com o tanto de moedas trocadas enquanto Alice pensava que poderia ter colocado elas no cofrinho e pagado com a nota de 20 que precisava trocar. Mas deixou por isso mesmo. Sentou na cadeira mais alta do ônibus, aquela que fica em cima da roda. Para ela é a melhor que tem. Colocou a bolsa na outra poltrona para evitar que alguém sentasse ao seu lado. A graça de ler livro é ler sozinho. Para Alice, todas as pessoas que sentam ao seu lado enquanto lê, lêem junto com ela. E isso a deixa bastante desconfortável. Enfim abriu o livro e começou a ler. Tinha recém chegado a metade do livro. As vezes olhava para a cidade. Aquele trânsito de horário de pico combinava muito com a neblina que fazia desde de manhã. Leu alguns capítulos. Sentiu-se feliz com o que lia, apesar de que o que lia ser um tanto quanto triste.

Chegou até o ponto final do ônibus e teve que descer. Já havia lido mais do que planejava. Entrou em um café e pediu um pão de queijo e um suco. Refletia sobre o que lia enquanto comia. Se distraía olhando para o nada. De alguma forma que não entendia, e nem lhe cabia entender, sentiu-se plena. Sorriu sozinha. Pagou o lanche e voltou para casa.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

números de breve presente

Já faz um tempo que não escrevia. Já faz um tempo que não pensava no que escrever. Já faz um tempo que mais me arrisco que empaco, que mais me expresso que remoo, mais danço que canto, mais me divirto que apodreço. Já faz um tempo que não me dou conta do tempo que tem passado.

Em agosto eu pensava no agosto do ano anterior. Em setembro, eu penso em janeiro do ano seguinte. Posso até me limitar a dezembro desse ano. Onde praticamente tudo a respeito do meu futuro (leia-se: breve presente) estará resolvido/ encaminhado/ decidido. 

Estou eu aqui: a menos de um mês para a filmagem do TCC. Menos de dois meses para inscrição em possíveis mestrados. Menos de três meses para o fim do curso. Menos de quatro meses para viagem pela américa latina (isso me faz lembrar dos oito anos que se passaram desde a primeira vez que pensei nessa viagem). Menos de cinco meses para experiência no exterior. E chega. Meu futuro daqui a seis meses é completamente incerto. (pelo menos nesse setembro).

Em março de 2010, por deus, onde eu vou estar? na austrália? em buenos aires? em curitiba? em porto alegre? em floripa? em qualquer outro lugar que eu jamais cogitei estar? 
Enquanto me desespero com a idéia de não saber do futuro (leia-se novamente: breve presente), me preocupo com o filme que tenho que dirigir, com as inscrições que tenho que fazer, com a viagem que tenho que planejar, com o inglês que tenho que reaprender. E olha.. pensando bem, março de 2010 que venha.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Um ano depois

Teimei em rever Na Natureza Selvagem. Passou no domingo na tv, mas tava muito cansada e dormi. Reprisou agora, e de novo tentei ver. Mas não dormi. E como poderia?

Durante o filme, me dei conta que a primeira vez que o assisti foi no ano passado. Agosto de 2008. Na época em que vi, meu mundo tava todo revirado. Alguém tinha passado por ali, e bagunçou tudo. Puxou meu tapete, chacoalhou minha cabeça, deu um chute na minha bunda e ainda ficou me vendo jogada no chão, chorando minha desgraça e foi embora sem estender a mão. Enquanto eu assistia o filme, um nó se instalou na minha garganta. Não desatei tão cedo. Ficou ali, latejando, me impedindo de pensar, de comer, de viver direito. Um mês antes, eu estava me preparando pra finalmente dar o fora daqui. Ia embora de vez. Mas em agosto tudo deu errado e tive que ficar. Tive que ficar e assistir aquele filme. Tem castigo maior? Alexander Supertramp, poderoso de si mesmo, com a cara, a coragem e todo dispreendimento possível foi e fez o que eu ia/queria/sempre quis e ainda quero fazer: me libertar.

Depois desse mês de agosto de 2008, fiquei um bom tempo perdida, tentando entender ao menos um pouco do que se passava comigo. Foi um processo longo e doloroso. Mas sabe do melhor: eu entendi. Talvez agora, que assisti pela segunda vez, um ano depois, eu tenha entendido realmente tudo que precisava entender.

Posso dizer aqui com orgulho, que esse um ano que se passou, foi o melhor um ano que eu poderia ter. Não tiraria nada. Não colocaria nada. Preciso continuar vivendo, amadurecendo, crescendo e me jogando por aí, mundo afora. Em agosto de 2010 minha vida vai estar totalmente diferente do que sempre foi. Não faço idéia de como será, e agora não me preocupo com isso. O que importa é que eu sei disso tudo, e que da minha vida eu quero muito mais.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O diário

inspirada pela chuva, frio, vento, e conversas inesperadas sobre sentimentos enterrados, resolvi postar - copiando a idéia, claro - uma parte do meu diário falido. adaptado, pra evitar conflitos e interpretações desnecessários.

e ps.: tudo aqui é nostalgia:


5 de março de 2009.
Eu não entendo como posso me apegar tão rápido. E me apaixonar assim, a ponto de ter um choro inconsolável por algo que ainda nem é definitivo. Ele vai pra casa dos pais nesse final de semana. Disse que vai pensar sobre a vida dele e sobre a gente e quando voltar, conversamos. Ele é orgulhoso. "Decidi assim antes, não vou voltar atrás". Parece que consigo ouvir ele falando. Ah! Como eu to triste! Eu não contei pra ninguém ainda, e por enquanto nem quero. E se for parar pra pensar, pra quem eu vou contar? Eu e meu egoísmo andamos sozinhos já faz um tempo.
Eu quero ligar pra ele e dizer que meu namorado me pediu um tempo. Deitar no colo dele e chorar enquanto ele acaricia meus cabelos e minha pele, e diz: "Não chora, querida. Ele vai voltar." Mas isso eu não consigo ouvir ele dizendo. E como eu queria poder ouvir.
Quando ele veio pedir um tempo, na hora eu já soube. Minutos antes a gente tava no carro, e pela primeira vez o silêncio se instalou de forma constrangedora. Eu pensei que o tédio tinha chegado. Mas quando ele desligou o carro, tirou os óculos para dizer que queria conversar, eu logo soube. Não quis tirar meus óculos, não queria que ele me visse chorando.

6 de março de 2009.
Eu chorei depois que desliguei o telefone. Mas o nó na garganta tá desde que eu acordei. Hoje o dia vai ser agitado, vou sair com minhas primas, e me distrair vai ser bom. Preciso arranjar alguma coisa pro domingo, não quero ficar sozinha em casa esperando ele voltar. Odeio pensar demais nisso.

8 de março de 2009.
Eu descobri que há vida sem ele. Quer dizer, eu já sabia, mas não queria aceitar isso. Ontem fui no aniversário de uma amiga. Ri, bebi, conversei, e me diverti muito. São todos amigos dele e perguntavam por ele o tempo todo. Essa parte não era difícil de dizer, ele tinha mesmo ido pra casa dos pais. Lá eu pensei nele, claro. Pegava meu celular de vez em quando pra ver se ele tinha dado algum sinal. Antes de dormir me deu vontade de ligar, mas não fiz.
Hoje fiquei largada o dia todo. Choveu muito. Não dá pra querer fazer algo num domingo chuvoso. Quando era perto das 15h ele ligou dizendo que tava voltando. Perto das 23h, ligou de novo: "É pedir muito pedir pra você descer e me dar um abraço?". Eu tava de pijama e vendo filme, não tava esperando ver ele hoje, mas como eu ia dizer não? Era tudo que eu queria.
Desci. Demos um selinho e um abraço muito forte. Ficamos assim por alguns minutos. Ele disse que sentia falta do meu abraço. E eu também tava, e como! Ficamos um tempo conversando. Sobre o final de semana, não sobre a gente. Talvez amanhã falemos de algo, ou terça. Não importa. Ele sente falta do meu abraço e com isso já me sinto bem. Eu sei viver sem ele. Mas não quero. Não agora.

10 de março de 2009.
Ontem ele não me deu sinal de vida. Achei estranho.
Fui na psicóloga hoje e percebi que devo encarar o fim do namoro da melhor forma. Se ele quiser ficar comigo, tem que ser da melhor forma. Não vai durar se ele ficar na rotina auto destrutiva e não cuidar dele mesmo. A gente ia conversar amanhã, mas preciso fazer isso hoje.

11 de março de 2009.
Pronto! Tá feito! Resolvemos terminar. Algo me diz que é temporário. Ele veio aqui e conversamos. Ele disse que vai continuar me procurando. Tomara. Eu quero ele por perto. Ele me faz bem. Vou tentar não procurar tanto. Não quero me prender, mas espero que quando ele fique bem de novo, continue gostando de mim e eu dele. É realmente alguém que eu nunca imaginei encontrar. Mas tudo tem seu tempo. Não quero apressar nada.

13 de março de 2009.
Não tenho muita coisa pra contar. Os dias passam devagar e eu não tenho feito nada de divertido. Me arrisco dizer que nem de não-divertido eu tenho feito.

23 de março de 2009.
Hoje não é um dia legal. Ando mudando muito de humor. Quero chorar até dormir. E amanhã é feriado. Vai ser outro domingo longo.

28 de março de 2009.
Fui ontem na formatura do Cinema e a tarde liguei pra ele. Ele tinha mandado uma mensagem na noite anterior pedindo pra conversar. Ele tá pensando em voltar pra cidade dele. Se ele for, definitivamente é o nosso fim. A decisão é dele, e apesar de eu achar ruim e precipitada, não posso fazer nada. Combinamos de almoçar hoje juntos. Eu fui de ressaca mesmo, conversamos sobre várias coisas. Percebi que to lidando melhor com a ausência dele. Nas outras vezes que nos falamos, eu passava o resto do dia e o dia seguinte pensando em milhões de coisas e isso só ia me enlouquecendo mais. Mas hoje foi tranquilo. Pensei pouco nele e não tive vontade de procurar.
Percebi também que ele tem um carinho grande por mim - e eu já sabia disso antes, mas não sabia como tava agora. Ele disse que gosta da minha companhia, e eu também gosto da dele. Acho um desperdício a gente não estar juntos, já que combinamos tanto. Mas tudo bem, as coisas são do jeito que são. Um dia eu entendo melhor porque tudo isso aconteceu.

30 de março de 2009.
Ontem foi um domingo entediante. Almoçei pizza com a mãe e passei o dia vendo tv. Li um pouco do Bauman. A tarde meu amigo passou aqui em casa pra me dar um oi. Faziam mais de 3 anos que não nos víamos. Ele é um bom amigo. A noite fiquei um pouco no msn, coisa que não faço já faz tempo. Combinei com minha amiga de andarmos de bicicleta, mas de manhã ela mandou uma mensagem cancelando. Minha aula de hoje também foi cancelada e resolvi ir no cinema assistir "Gran Torino". Muito bom. Quando voltei, dei uma volta com a Lazy. Fiz ela correr atrás dos gravetos que eu jogava. Cansou, tadinha. Quando voltei pra casa, liguei pra mãe e fomos comer cachorro-quente. Tava delicioso.


(Ouvindo: Damien Rice - Elephant)

domingo, 2 de agosto de 2009

Nothing you can say is gonna change the way I feel

É certo que quando eu não tenho nada para dizer, algo está errado. Não sei se é o cansaço é por dormir tarde ou de ver filmes demais, ou dos dois. Sei que estou aqui, buscando as palavras que quero dizer a tanto tempo mas que me impedem de começar pelo menos um parágrafo.

Já se passaram uns bons cinco minutos que olho fixamente pro computador. Pisco algumas vezes, mas não mudo a direção do olhar. Encaro o cursor por algum tempo, procurando alguma indicação de quais palavras devo usar. Pisco mais uma, duas, três vezes e resolvo escrever sobre o cursor, eu que o encaro, e o texto que deveria surgir.

Me sinto cansada. Já falei isso hoje? Pois talvez me sinta mais ainda. Não está tarde, e tenho me acostumado a dormir bem depois disso. Mas ainda assim meus olhos piscam lentos, como se minhas pálpebras estivessem pesadas, e de fato estão. Faz quanto tempo que não durmo? Por quantas horas fiquei acordada? Não faço as contas. Deixo a pergunta sobrecarregar nos meus ombros. Mais um peso sobre eles. Já estão acostumados e não me incomodo mais tanto.


Desisto. Desisto de tentar falar alguma coisa hoje. Cansei de ficar buscando o que dizer. Elas virão Lígia, tu sabe disso. No final das contas, todas as palavras virão; e junto, quem sabe, também as oportunidades, as respostas, as escolhas... E então voltarei a falar de coisas boas, ou de coisas ruins. Porque nem tudo é feito de posts sobre o inverno, o dia branco, e o frio na nuca. E disso eu sempre soube.


(Música: Kings of Convenience - Mrs. Cold)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sorrio

De repente uma felicidade toma conta de mim. Meus lábios abrem um sorriso que nem eu esperava acontecer. Fico quieta uns minutos para ver se ela veio por acaso, só de passagem. Mas não. Ela ficou. A felicidade tomou conta mesmo e com isso até me atrevo a soltar uma gargalhada. E não soa falsa, é a gargalhada mais sincera que eu poderia dar sozinha.

Aumento o som e fecho os olhos. Meu corpo segue lentamente o ritmo da música. É inverno, o dia lá fora é branco, faz um frio razoável e acho que é a primeira vez que me sinto muito completa com tudo isso. Eu não poderia me sentir mais feliz.

As palavras vão sumindo aos poucos. Acho que não se tem muito o que dizer sobre a felicidade quando se sente ela. Eu bem que tento, mas por medo dela ir embora depois que a música acabar, páro por aqui para curtir esse singelo momento que me preenche.

E antes que eu perceba, a música acaba e quando a seguinte começa me surpreendo. Não imaginava que a felicidade poderia ficar mais viva do que a que eu sentia segundos antes. Me dou conta que eu estou sorrindo de novo.


(Ouvindo: Damien Rice - The Animals Were Gone)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O frio da nuca

O que me faz pensar em sair daqui correndo? Correr, só correr. Pôr o tênis e com a roupa que for e de pijama, moletom, vestido de formatura, de toalha, ou sem ela... correr. Nesse sol que esquenta minhas costas tenho vontade de fechar os olhos e sair correndo na direção em que o vento sopra. Só pra ter o prazer de saber onde ele quer chegar, ou o que ele quer com essa ventania toda, que varre uma rua para sujar a outra.

Mas o vento não me diz nada. Então perguto ao prédio do lado, o que ele quer dizer quando deixa o sol em uma parte de mim e na outra não. Porque o prédio não vai um pouquinho pra lá pra deixar de esquentar minhas mãos e esquentar minha nuca? É aqui que sinto frio. Na nuca. Levanto a gola do casaco e solto o cabelo. Mas a gola não fica em pé e meu cabelo é curto. Sinto frio na nuca e não consigo fazer mais nada a respeito disso.

Tento pensar em outra coisa e me dou conta que meu corpo todo treme. Estou encolhida na cadeira enquanto penso em todas as mentiras que digo. E meu corpo, mesmo assim, treme. Se ele tivesse vida própria se levantaria e dançaria tranquilamente na sala vazia, ou então correria. Correria desnorteadamente em direção ao sol. Porque é lá que ele poderia enfim descançar do frio e perceber que toda vez que minha nuca arrepia descubro o que o vento quis dizer com tudo isso.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Congelo

E o frio chega em mim. Minhas mãos congelam lentamente enquanto digito. Não há meia que esquente meus pés. Me enrolo no edredon até não sentir o ar gelado. Cubro toda minha cabeça e deixo só meus olhos de fora. Mas não adianta, porque se chove lá fora e queima aqui dentro, não tenho vontade de ter você. E que culpa a gente tem de ser feliz? Que culpa a gente tem, meu bem?

Parece que esses cinco graus que fazem em Capinzal, congelaram minha criatividade também. Porque as palavras não surgem de forma espontâneas. Preciso buscar nas músicas qualquer coisa que faça querer dizer o que nem eu mesma sei se quero dizer. Pois bem.. eu ainda pretendo tentar descobrir, porque é mais forte quem sabe mentir.

Me dou o luxo de deixar mais um post incompleto. Não devo satisfação aos leitores que nem sei se tenho (e se tiver, se manifestem!) e mereço uma folga das minhas inquietudes existenciais. Porque estou feliz, de férias, e em Capinzal curtindo o inverno que congelam meu corpo e esquentam minha alma.

Um beijo a todos,
E se antes esse blog não combinava com bom humor, começo a pensar que estava errada...

domingo, 21 de junho de 2009

Dancing with Bowie

Tentei começar a escrever escutando Jorge Drexler, mas apesar de amar suas músicas incondicionavelmente, ponho David Bowie pra me inspirar. Faz tempo que tento escrever aqui mas as palavras parecem não sair em sincronia. Acho que escrevi e apaguei, escrevi e apaguei, escrevi e apaguei, escrevi e apaguei umas três vezes. Mas bem, sou teimosa já fazem muitos anos e não é hoje que vou só escrever, apagar e dizer que foi a quarta vez.

Então peço pro David Bowie cantar mais alto e me levanto da cadeira por uns segundos. Fecho meus olhos, e começo a mexer minha cabeça pra lá e pra cá. Meus olhos fecham com mais força, porque ainda sinto a claridade do quarto. Balanço junto meu corpo e grito junto com David: "Inspirations have I none, just to touch the flaming dove. All I have is my love of love, and love is not loving".

Espero a música acabar e sento novamente no computador - não literalmente, é claro. Me sinto mais leve de alguma forma. Não vim falar sobre o "and love is not loving" porque não vem ao caso. Mas bem que renderia um bom post. Não sei direito sobre o que vim falar, mas hoje, pelo menos hoje, não quero escrever e apagar pela quinta vez. Quero poder dizer por aí que cantei com David Bowie e deixei meu post incompleto porque preferi dançar com ele a terminar esse post.

Pra comemorar nosso amor líquido, sinto o gosto de uma cerveja gelada descendo por dentro do meu corpo e me dá vontade de jogar pela janela a preguiça que assolou em mim durante todo o domingo e ir conhecer as pessoas que habitam minha cidade. Porque sabe como é, o Brasil está em Florianópolis. Mas começa a tocar Starman e fico com vontade de ficar em casa sozinha, cantando em um karaokê que mostra uma bolinha colorida nas palavras a serem cantadas. E assim que eu ver a nota que eu tirar, sorrir feliz, jogar a Lazy pro alto, e dar um beijo no focinho dela.

Então termino esse post da maneira mais incompleta que um post poderia ser terminado, mas com uma ilustre (sintam o trocadilho afiado) ilustração de nosso queridíssimo inspirador de posts mal-sucedidos. Um beijo, boa noite e fiquem com David.


quarta-feira, 3 de junho de 2009

2009.2

O dia que eu menos esperava chegou: fiz a matrícula pro último semestre da faculdade. O último. Lembro agora, como se fosse ontem, o dia em que fiz a primeira matrícula, parecia que ia durar uma eternidade a faculdade. Mas que nada, passou que quase nem vi. Mas daqui a seis meses vou poder dizer que já estou formada. Que coisa bonita de se dizer. Estou livre da graduação. De agora em diante é só de pós pra cima.

Nesses próximos seis meses em diante será o que eu sempre quis: não terei nada me prendendo a essa cidade. Posso escolher pra onde vou, fazer o que, por quanto tempo... quer dizer, essa é uma coisa que eu definitivamente não preciso mais me preocupar: com o tempo. Daqui em diante, o tempo eu quem faço; a minha vida, eu quem moldo; o meu futuro é meu. Sempre foi. Mas agora pra essa realidade se tornar mais palpável, faltam apenas seis meses. seis. Nove sempre foi meu número da sorte, mas uma vez li numa revista besta de horóscopo, que seis era o número do meu signo.

E tô só enrolando vocês, falando das asneras de numerologia só pra mostrar minha felicidade. Tô me sentindo leve em um mundo esburacado. E agora nem quero pensar nos milhões de buracos que tem no mundo e na minha vida. Quero pensar só que tá nas minhas mãos escolher o que eu vou fazer da minha vida. Pra onde eu vou com a minha vida.

E sabe pra onde eu vou? Pro mundo!

Um beijo e durmam bem, queridos leitores. Porque meu bom humor e esse blog geralmente não caminham juntos, mas hoje é um dia especial e preciso comemorar escrevendo aqui! Boa noite!

domingo, 17 de maio de 2009

aos 21

E novamente o tema recorrente vem a mente. Cada dia que passa descubro mais sobre as pessoas que estão a minha volta, e quanto mais pareço compreendê-las, mais tenho a impressão de me conhecer. nessa ordem mesmo. me conheço melhor porque entendo você. E de alguns dias pra cá isso vem martelando minha cabeça cada vez com mais força. O que faz nossas vidas se encontrarem com outras? Por qual motivo algumas entram em nossas vidas com tanta rapidez com que saem? E porque algumas outras estão ali a tanto tempo que nem nos damos conta da importancia dela?

Ponho Damien Rice pra contar a história da minha vida enquanto escrevo esse post. Hoje acidentalmente vi um show dele na tv e imediatamente lembrei do show que assisti. Não sei direito o que isso me faz lembrar. Mas como pode as músicas dele falarem tanto de mim? Fico pensando novamente nos acasos da vida. Muitas vezes estamos de bobeira fazendo algo cotidiano e nos damos conta de como as coisas passam como um flash diante de nossos olhos e quão impotente nos tornamos diante algumas situações.

Fica muito confuso ler sem um contexto, mas acontece que o contexto tá tão profundo em mim que não consigo trazer pra superfície e compartilhar com o blog. Não entendo direito porque a tristeza aparece repentinamente como a chuva no verão. Tenho vontade de fechar os olhos e ficar apenas escutando a voz e o violão do Damien. Queria abrir os olhos e vê-lo tocar na ponta da minha cama. Só ele, de violão, cantando e olhando pra frente, e às vezes para mim para ver se o estou vendo. Mas na verdade estou de olhos fechados e escutando com toda a força que meu coração pode ter.

Acontece que Damien é só um grande projeção. Projeção daquilo que eu quero com aquilo que é. De fato nem tudo é como queremos, isso já cansei de ver, mas novamente me pergunto o motivo de acontecer do jeito que acontece. Eu levo 21 anos para me dar conta que tenho alguém que se preocupa comigo. E não só isso. 21 anos para perceber que eu o via com outros olhos. Não digo nem de recriminação, mas era de distanciamento. Essa pessoa não pertence a minha vida e por isso nunca me aproximei também pelo fato dele nunca demonstrar interesse.

Mas esse é só um exemplo da descoberta da importancia das pessoas pra mim. Eu não sou muito o tipo que desapega fácil, principalmente dos sentimentos. Sempre aparece alguém em nossas vidas que surge no momento em que menos se espera. E se vai do mesmo jeito. E porque disso? Eu realmente não sei. É difícil se dizer adeus a uma pessoa dessas, mas dizer o quê se tê-la por perto só causa mais dor, principalmente por perceber que já não me encaixo na vida dela. Que a minha tomou um rumo diferente, mas a dela um mais ainda. Eu tava lá quando precisou, e agora que não precisa mais, eu ainda quero estar. Mas já não me cabe mais isso.

Queria poder deixar de ser orgulhosa num estalar de dedos e dizer: "ok. posso te aceitar desse jeito. me aceite também, por favor" mas não consigo. Tenho vontade de pegar o telefone e ligar o número que finjo não saber de cor e dizer: "sinto tua falta. posso deitar no teu colo e chorar?" mas também não consigo. e se um dia fizer, logo depois me sentirei humilhada e fazendo papel de ridícula e estupidamente arrependida. Será que vale a pena sentir esse remorço todo depois, só por um abraço e um momento junto? Por mais que esse momento esteja um tanto quanto longe do que eu realmente queria que fosse.. Enfim, se contentar com o que tem nem sempre foi o meu forte.

Me despeço aqui, já aos 21 anos e uma semana, com muita angústia de ter apenas um blog pra poder vomitar todas essas palavras. Se isso interfere em alguém, não sei. Se o fizer, por favor, deixe seu recadinho aí pra eu saber... Falo tanta bobagem aqui, que às vezes só o que eu queria era um: "te entendo" ou de repente até um telefonema. Mas sou orgulhosa demais para pedir. Por isso escrevo um post inteiro. Para rodear e rodear e enfim dizer o que eu tenho vontade: não ligue para o que eu falo daqui pra fora. me entenda daqui pra dentro e tudo estará resolvido.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Mais um feriado chega à casa

Meus trabalhos da faculdade deram uma folga e já não deito mais no sofá com o intuito de "descançar mais um pouco antes de fazer os trabalhos". Deito lá porque não sei mais com o que me ocupar. E é aí que o sentimento de solidão bate de novo. Quando tenho coisas extra-sociais pra fazer, isso não me incomoda. Eu fico sentada na frente do computador escrevendo e escrevendo, rabiscando, pensando e escrevendo, mal vejo o tempo passar.. ainda penso: "e nem deu tempo de limpar a casa" e no dia seguinte é o que eu faço.. limpo a casa, organizo tudo e no final penso: "sobrou um tempo pra terminar o trabalho de ontem" e assim vai. Mas agora, com nenhuma disposição para varrer a casa, e nenhum trabalho da faculdade pra fazer, com o que eu me ocupo?

É engraçado porque fico me remoendo aqui, pensando nas amizades que eu tenho.. já não sinto que elas são fortes o suficiente. Sou lembrada porque me querem bem ou porque realmente tem uma conexão forte comigo? de amizade mesmo. E às vezes me sinto culpada por ter abandonado os tais amigos do post passado, até porque de vez em quando surge um anônimo da vida dizendo "open your eyes" e me faz pensar quem poderia ser. Quem teria a coragem de me dizer para abrir meus olhos diante de um desabafo sobre ter me afastado de quem era meu amigo, mas não teve a coragem de dizer seu nome.. Porque de certo já foi alguém pra mim e se não disse o nome é porque não é mais. e a culpa foi de quem? não sei se importa.

Não me arrependo de não ser mais amiga das pessoas que me afastei. Tenho lembranças saudosas, mas não imagino sendo bom de novo hoje em dia. Eu me arrependo de ver o quão solitária eu fico de vez em quando, e me questiono o porquê de eu não sair por aí fazendo amizades com quem senta do meu lado no ônibus. Certamente se eu fizesse isso, já estaria rodeada de pessoas pra fazer qualquer coisa, e nenhuma delas diria pra eu abrir meus olhos. Ou diriam?

Já não sei o que pensar.. mas toda vez que isso acontece eu penso que meu lugar não é aqui, que deveria morar em outra cidade. e fico pensando o porquê da outra cidade, já que pra mim pode ser qualquer uma, desde que não seja essa. e talvez isso ocorra por eu não consigr ser eu mesma aqui. ou então quem eu sou, já não gosto. e não tenho a disposição e a coragem de mudar aqui mesmo. preciso de um lugar onde ninguém me conhece e de um lugar onde eu não conheço pra ser quem eu ainda também não conheço. e enquanto eu não descubro qual lígia eu quero ser que vai me deixar mais feliz do que quem eu sou agora, fico por aqui tentando arranjar o que fazer.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

há seis anos atrás..

um dos primeiros posts que escrevi aqui foi sobre os amigos que eu gosto de ter por perto e como eles me fazem bem. mas hoje eu tive um momento de nostalgia e revivi o passado vendo as fotos que estavam no meu fotolog (na sagrada época infanto-juvenil do fotolog) de 2003 a 2005 e vi como a vida corre por um rumo que nem sempre nos damos conta.

lendo os comentários daquela época, percebi o quanto vamos nos afastando das pessoas. às vezes isso acontece de uma forma natural, uma amiga muda de colégio, outro muda de cidade, enfim.. cada um vai prum lado e as diferenças passam a aumentar com o tempo. mas eu tenho a leve impressão (acho que nunca vou ter certeza) que eu de repente me afastava das pessoas por um motivo estúpido. naquele dia eu não tava mais afim de ouvir fulano falar sobre tal coisa, então não vou falar com ele no msn, ou não vou atender o celular quando ele me ligar.. e no decorrer dos dias fui levando isso ao pé da letra e passando uns meses já não éramos amigos e nunca mais voltamos a ser. e isso não foi com uma ou duas pessoas, mas com várias.

e porque eu fiz isso? não faço idéia.. até porque como eu disse, acho que não vou ter certeza nunca! tem amigos que eu ainda vejo esporadicamente na rua ou numa festa e dou um oi falo "amigaaaa! quanto tempo! vamos combinar de fazer alguma coisa!!!" dou um beijo, um abraço e tchau! esses geralmente são os amigos que se afastaram de forma natural.. agora esses que eu tenho a impressão que eu mesma excluí da minha vida, eu nem comprimento. passo como se não conhecesse, e não é por arrogância. é por vergonha. vergonha de ter me afastado da pessoa sem nem lembrar mais o motivo e perceber que não tenho vontade de falar "vamos combinar alguma coisa" porque essa pessoa já não tem mais a ver comigo.. sei lá.. é complicado de falar, nem sei direito como isso foi acontecendo.

acontece que hoje caiu a ficha de como eu sou exigente com as outras pessoas. e como sou orgulhosa também. se disfaço uma amizade de forma "natural" (agora com aspas), não volto atrás. tiveram vários comentários nas fotos antigas que eu lia e pensava "nossa, nem lembrava que eu era amiga de fulana", ou então "poxa.. fulano falava desse jeito comigo? que legal, ele tinha um carinho especial por mim" e eu nem me dava conta da importância de ter amigos assim.
hoje fui atrás de alguns desses que eu já não tenho mais contato, que ha anos atrás me faziam muito bem. não é possível que tanta coisa tenha mudado nesses 5, 6 anos. quer dizer, provavelmente sim, mas a essência de cada um, muitas vezes permanece a mesma, não? espero que sim! porque tem amigos que eu ainda quero pro resto da minha vida. e os que tenho agora, quero dar o maior valor possível pra eu nunca querer me desfazer deles! e desfazer não é o melhor termo pra se referir a pessoas, mas me desculpem.. ainda tenho muito pra amadurecer! :)

segunda-feira, 30 de março de 2009

o porque de não se ter o que dizer

bom, hoje eu escrevi no meu diário - sim, eu tenho um diário pra escrever as coisas que não dá pra escrever aqui (com nomes e tal) - e percebi que tudo que pude contar foram as coisas que fiz ontem e hoje. tudo pontualmente. encontrei fulano, fui a tal lugar, aconteceu isso.
o que isso significa? que não fiquei me debatendo em crises existenciais nem em agonias profundas e resoluções inadequadas do comportamento humano. e o que significa isso? que vou bem.

pra hoje não tenho nada de mais pra escrever aqui; até porque, só tenho inspiração pra escrever nos dias ruins. uma vez ouvi alguém falar que só se expressava bem diante do sofrimento e da dor. pois então, eu sou assim também. e meus dias andam bons. não digo excelentemente bons e exemplares. mas satisfatórios. e isso que importa agora. não tenho nenhum papo deprimente nem nenhum desabafo sobre minhas crises.

um brinde aos bons momentos.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Vômito

Eu sou engolida por esse universo que não sei quem comanda. Só sei que ele não me digere bem e faço mal pra ele. Ou não. Pode ser que na verdade eu que engulo o universo e do jeito que ele tá não me cai bem. Acho que é uma relação mútua de desgostos. Eu oscilo de uma decisão a outra. Eu agora tenho certeza que quero isso, amanhã já não tenho mais. O que faz de mim uma pessoa que muda de vontades e opiniões assim? Eu não sei. Eu não faço idéia. Sei que não sou perfeita e que o mundo não me fez altamente compreensível. Não consigo adivinhar o que passa na cabeça das pessoas. Mas quer saber? Não sei porque pensar sobre isso agora, pouco me importa o que eu sei sobre os outros. Se eu mal sei sobre mim, pra que me preocupar com a incerteza e a indecisão alheia? Sou egoísta e egocêntrica. Tenho que me focar nos meus problemas porque é por eles que eu todo dia acordo e tenho vontade de fazer algo diferente, de encarar a vida com um outro olhar.

Não faço idéia de qual é a intensão desse post, não sei nem porque comecei a escrever.. Cheguei em casa faz pouco tempo e tenho sono o suficiente pra me jogar direto na cama com a roupa que tô. Mas não, fui pro sofá ligar a televisão e me submeter a programas que não dispunho meu tempo por nada e depois ainda vim pra cá, pra esse computador que não me traz nada de útil. Que só me faz pensar e pensar sobre coisas que eu não entendo. Eu me irrito mais porque eu tento agir conforme a música. Acontece que agora toca Little Joy e tenho vontade de chorar. Se a próxima for Nirvana me jogo da janela.

Pra quê se preocupar com aquilo que não tenho poder de controlar? É impossível controlar o ser humano e nem é bom querer fazê-lo. Mas essa força é forte demais em mim. Eu quero agora. Eu quero agora. Eu quero agora poder gritar pro mundo que dói ficar deitada na minha cama querendo aquilo que não tenho. E não são coisas materiais porque a cada dia que passa menos eu me apego a elas. Eu me confundo com meus sentimentos. Me confundo com as palavras na hora de escrever aqui. Penso que posso, penso que quero, penso que consigo e lembro que não é bem assim. Que se eu for parar pra ver eu não tenho o que eu quero e fico infeliz com isso. Preciso aprender a me desapegar das pessoas. Porque é tão difícil? Porque a gente cria vínculos e depois precisa rompê-los de um dia pro outro? Uma coisa é tu querer se afastar porque fulando não te faz bem ou porque os objetivos e as vontades já não são mais os mesmos. Acontece que não. Não é assim que acontece. Eu sinto que o melhor que posso fazer é me afastar pra não sofrer mais. E pra que se afastar de quem se gosta se não foi ignorado? Aliás, como saber quando se é ignorado? Porque novamente eu me confundo. Se mal meus sentimentos eu consigo traduzir, imagine o dos outros. Uma hora ele age assim, outra hora age assado. Ser humano não vem decifrado. Não vem, Lígia. Não adianta. Resmungar e agir como criança mimada e adulto possessivo não vai me levar a nada.

Mas eu quero. Eu quero. Eu quero. Eu quero. Eu quero poder ficar perto de quem eu gosto sem sentir que não é o certo. Poder abraçar e beijar sem sentir culpa por saber que não é a melhor decisão. Quero que as coisas sejam diferentes. É isso. Quero ter o poder de escolher a música pra ver os outros dançarem. E agora toca Manu Chao. E já me faz lembrar de outra coisa. Mas é melhor acabar esse post logo porque não tá levando a nada. Só sai um emaranhado de palavras que meus dedos escrevem antes mesmo de eu terminar de pensar. Se meus dedos tomarem as decisões mais sensatas que a minha cabeça, então eu escrevo um livro. Mas não agora. Porque agora toca Superman, da Sandi Thom e só o que eu consigo pensar é que eu não sou perfeita. E agora eu não quero ser. Quero que vomitar o universo e deixar ele sujo na sala e deixar que se limpe sozinho porque eu não quero mais me mexer. Só quero deitar e dormir logo.

Então tchau. Nem boa noite tem hoje.

sexta-feira, 20 de março de 2009

o dia diferente

A primeira frase que me veio na cabeça pra começar esse post foi: "Nada como um dia após o outro". Não lembro de onde eu ouvi, mas acho que já a conheço faz tempo. Hoje eu concordo com ela. Aliás, eu sempre concordo com ela, mas nos dias mais downs eu nem lembro da frase e geralmente não quero nem saber que há uma luz no fim do túnel. Não sei se dá pra dizer que encontrei a tal da luz, mas ó.. as coisas melhoram! É só dar tempo ao tempo que as tudo naturalmente volta ao seu lugar.

Então é isso que eu vim dizer. O que eu já sei mas é sempre bom lembrar. Todo mundo tem seus maus momentos, suas pré disposições pra acomodação e suas estúpidas vontade de nunca mais fazer nada além de se afundar no sofá. Acontece que uma hora a gente explode e percebe que acordar tarde toda manhã, fazer nada toda a tarde e fingir fazer algo toda noite não leva a nada, a não ser mais e mais acomodação. E cansei. Cansei de ficar pensando no que fazer, em como agir, no que falar. Eu vou dar um passo de cada vez e ir atrás daquilo que eu quero. O que eu quero? Ainda não descobri. Mas já sei o que eu não quero: viver uma vida preguiçosa de que não tem vontades, nem interesses, nem opinião própria.

Hoje o post é uma resposta do último. Pra provar, mais uma vez, pra mim mesma que tudo melhora e que só depende da minha vontade de ser alguém melhor. E é isso que eu quero sempre ser: alguém melhor do que eu fui ontem. Então, com licença que preciso sair por essa porta que lá fora tem uma vida que me espera.
Até.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O dia qualquer

Eu queria vir aqui postar e dizer que demorei tanto pra escrever de novo porque ando muito ocupada e que não tenho tido tempo. Mas o que acontece é realmente o contrário. Ando com tempo até demais, mas vontade nenhuma de fazer coisa alguma. Tá, até tenho me ocupado pensando no roteiro pro meu TCC, mas só ocupa minha cabeça, não ocupa minhas tardes vazias, já que as manhãs eu ocupo dormindo até umas onze, até o calor ficar insuportável. E olha que lá pelas 9 já começa a ficar ruim.

É, não adianta forçar a barra. Quando não se tem o que dizer, não se tem o que dizer. Peço desculpas quem lê aqui por vontade própria. Hoje não é um dos meus dias criativos, nem tampouco um dia interessante. É só mais um dia. Igual ao de ontem, de antes de ontem, e possivelmente ao de amanhã e depois de amanhã. Então até outro qualquer. Espero que lá eu tenha algo mais interessante pra entreter vocês.

quinta-feira, 5 de março de 2009

não sei que significa isso

De novo começo a escrever procurando algum sentido nas coisas que me passam pela cabeça. Já não tenho mais controle dos meus pensamentos. Não posso mais selecioná-los e tampouco ignorá-los. O nó na garganta se instala como se fosse mais uma das minhas pintinhas. Já faz parte de mim. Não consigo desfazê-lo nem com todos os copos de água do mundo.

Eu poderia ficar aqui horas tentando explicar a ninguém o que eu sinto. O que passa é que nem eu mesma sei. Sei que já senti isso antes. Sei que não gosto e sei que não é sobre isso que vim escrever. É como se eu devesse satisfação a mim mesma: "Olha, Lígia. Você deve entender o que tá acontecendo. Você tem que saber o que fazer. É preciso tomar uma decisão". Bingo. Não tenho. Não tenho que entender, não tenho que saber o que fazer, não tenho que tomar decisão alguma. E porque o conflito comigo mesma?

Acho que eu tenho um problema de sempre querer ter o controle da situação. Acontece, minha querida Lígia, que tu já sabe que isso não é possível. Tantas vezes não entendo o que acontece comigo, e mais ainda fico furiosa com isso. Mais me preocupo em saber o que fazer com tudo isso que apenas deixar sentir e esperar que as coisas se resolvem naturalmente. Porque apesar de eu sempre querer saber o que acontece, também sempre sei que as coisas por si só se solucionam. Sem a minha pressão, sem a minha vontade, sem a minha confusão. De repente eu percebo que a turbulência passou e que agora vem a calmaria.

Não sei mais o que dizer sobre o que penso agora. A minha cabeça voltou a latejar, e mais cinco minutos, o nó da garganta se espalha até chegar no meu estômago. Parece que levei um chute no meio da barriga. Acho que vou vomitar.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Trégua - A resolução

Eu descobri porque o livro que to lendo mexe comigo. Demorei um pouco pra perceber, mas agora tudo ficou claro. Faltam menos de 30 páginas pra eu terminar de ler, e cada folha que viro, tenho mais certeza sobre essa perturbação. O fato é que no livro, o narrador escreve sobre os vagos acontecimentos tediantes de sua vida. Ele tem lá seus quase cinqüenta anos e tudo que ele quer agora é se aposentar. Toda vez que leio, fico com medo do meu futuro. Eis o problema. Eu não costumo pensar no meu futuro. Eu sou melancólica demais pra fazer planos.

Além do meu pavor de dirigir, eu tenho alguns outros medos. Mas um em especial é o que mais me tortura. Tenho medo de um dia acordar e perceber que já estou velha e que não fiz grandes coisas durante a minha vida. O máximo que fiz foi amar. Porque uma coisa é certa, tenho muito amor pra distribuir por esse mundo afora. Mas acho que isso não é o suficiente. Só dar (receber também) amor nunca vai ser o suficiente. Eu quero muito mais pra minha vida. Eu não tenho grandes sonhos, mas sinto que meu potencial é nobre. Algo me diz que o mundo reserva algo de grandioso pra mim.

No livro, o personagem também pensava assim. O mundo pra ele não era o suficiente. Mas hoje as coisas são diferentes. Ele apenas quer sua aposentadoria. Nem cogita realizar o que um dia ele quis, não cabe mais isso. E pois bem, esse é meu grande pesadelo. Ir desistindo aos pouco de conquistar mais que o mundo. E de repente, percebo que fiquei velha com uma vida chata, vazia e sem vitórias. O que eu vou ter pra contar? O que eu vou ter pra escrever? Sobre meu tédio e sobre minhas frustrações? Pode até ser que seja assim. Mas que eu escreva só pra desabafar sobre o tédio que me persegue, e não porque não tenho mais o que contar. Tenho muito medo. Preciso terminar de ler o livro.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

liguem o ar condicionado antes de ler aqui

chega. por favor, eu imploro. chega! tá quente demais. tá tão quente que se eu digitasse um pouco mais devagar, meus dedos estariam suando ao encostar no teclado. meus braços que apoiam na bancada enquanto escrevo estão grudados, e não me atrevo a mover eles de lugar. o calor é tanto que não tem ventilador que me refresque. uma piscina talvez. mas pra chegar na piscina mais próxima tem que andar um bocado, e nesse bocado não tem ar condicionado. então fico com o ventilador que não ventila o suficiente pra me deixar menos irritada.

ok. eu pedi com educação e nada desse calor passar. será preciso uma carta autenticada pelo cartório, ou um e-mail enviado com o título "urgente" para a pessoa certa, que tome as devidas providência com esse calor infernal? olha, se o inferno for assim tão quente, eu até encaro.. mas com um ventilador anti irritação e cerveja. com cerveja eu topo ficar no calor. mas às vezes o calor é tanto, que descolar do sofá para ir até a geladeira buscar, é algo que não convém agora. meu suor ficaria ali estampado, naquele couro branco. ficaria brilhando e eu jamais teria coragem de sentar nele denovo, por mais que fosse na parte seca. eu ficaria com vergonha, e isso certamente resultaria em suor, coisa que eu to evitando nesses ultimos dias.

não sei ao certo o que se passa comigo nesses dias quentes. eu fico com preguiça pra pensar. não consigo continuar uma conversa. tudo que vem na minha mente é um 'uhum, ãhn' pra dar continuidade ao papo forçado de verão. se a pessoa que está falando não estiver na sua melhor versão tagarela.. esquece! eu não vou conseguir prosseguir com a conversa e o papo não vai fluir. eu poderia ficar jogada no chão gelado, com cervejas geladas rodeando meu corpo, como o giz no chão que marca o corpo morto. meu corpo está morto, de fato. só movo minhas pernas de vez em quando que é pra alternar os lugares que o ventilador ventila.

mas tudo bem. agora são 9 da noite. confesso que meu ventilador está no máximo e está me ajudando consideravelmente. isso não significa que minha irritação diminuiu.. pelo contrário. melhorias acho que só depois de um banho, e olhe lá.. ultimamente tenho saído do banho com tanto calor de quando entrei. mas enifm, não importa mais nada.. eu quero mesmo é dormir, e antes disso sonhar comigo pulando numa piscina, e nela ficando lá, deitada. e só quero acordar pra ver que esfriou, que o inverno chegou e que eu finalmente estou mais calma.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Trégua

ontem tentei postar aqui, mas não vinha nada. e toda vez que começo a escrever meus dedos perdem o controle e vão escrevendo compulsivamente, até o texto estar pronto sem eu mesma ter percebido. mas enfim, não é disso que vim falar.

ontem antes de ir dormir, peguei o Werther pra continuar a ler. Eu sempre sofro com os inícios dos livros, porque fico agoniada querendo já estar na metade dele, mas esse do Goethe tava me deixando aflita por que não estava conseguindo me identificar com ele. Então resolvi trocar. Peguei o outro que tava na fila de espera: Mário Benedetti: A Trégua. E pronto! Era ele que eu tava precisando ler. Não sei direito o que vim escrever sobre ele, mas quando eu estava o lendo, me identifiquei de imediato. Especificamente com um parágrafo que ele escreve no dia 18 de fevereiro (quase hoje!!). Eu não gosto muito de escrever trechos de livro, mas esse de alguma forma disse muito sobre algo que me diz respeito, mas ainda não sei o que é. Então não posso perder a oportunidade de compartilhar essa minha incerteza de sentimentos:


"(...)Não, não se parecem comigo. Nem se quer fisicamente. Esteban e Blanca têm os olhos de Isabel. Jaime herdou dela a testa e a boca. Que pensaria Isabel se pudesse vê-los hoje, precoupados, ativos, maduros? Tenho uma pergunta melhor: o que eu pensaria se pudesse ver Isabel hoje? A morte é uma experiência tediosa; para os outros, sobretudo para os outros. Eu deveria me sentir orgulhoso por ter seguido adiante, viúvo e com três filhos. Não é orgulho, porém, o que sinto, e sim cansaço. O orgulho serve para quando se tem vinte ou trinta anos. Seguir em frente com meus filhos era uma obrigação, a única maneira para que a sociedade não me enfrentasse ou lançasse o olhar inexorável que se reserva aos pais desalmados. Não havia outra solução, de modo que segui em frente. Mas tudo teve esse caráter demasiado obrigatório para que eu pudesse me sentir feliz."


E de novo me sinto incomodada com esse texto sem saber o porque. Fico sem palavras pra fazer algum comentário. Quem sabe amanhã ou depois. Mas não hoje, não agora. Preciso pensar sobre isso. Sozinha. Preciso entender porque ele me provoca tanto. Não esperem por mim. Vão ler esse livro, que já na terceira página me revirou a cabeça.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

o primeiro selo



ganhei esse selo da querida Flávia - Bonita...Confissões
ela me deu ele já tem um tempo, mas como tava viajando, não tive tempo de colar, e quando tinha, os computadores não aceitavam essa audácia! mas enfim, aqui está!
muito obrigado por ter lembrado de mim! é muito bom quando alguém gosta (e recomenda!) do que eu escrevo, porque eu raramente acho que ficou bom. hehehe

O selo é o Prêmio Dardos:

Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc…, que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.'



Quem merece o selo são duas pessoas talentosas e espciais já citadas nesse meu blog:


Minha amiga Nataly - A Hora da Estrela

e meu namorado Rafael - anotações



Aos indicados:


1. Postar o selo em seu blog, tendo consciência do propósito de promover uma confraternização em blogueiros, homenagem à seus trabalhos.
2. Dizer de quem recebeu.
3. Repassar a "Declaração" para outros blogs (quantos quiser) que você realmente queira declarar o seu amor por belos trabalhos. Deixar link do homenageado, sem esquecer de avisá-lo!
4. Postar as regras.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

ao Damien

Desde que cheguei em Buenos Aires, nao soube o que escrever. Até hoje. E lhes conto o motivo: as pequenas coisas que valhem a pena viver. Já fazem duas semanas que estou aqui. Logo que cheguei fiz bons amigos, mas na semana seguinte metade já foi embora. Agora, comigo sendo a única representante do sexo feminino no grupo, a diversao nao fica a mesma coisa.

Tudo bem que todos os dias fazemos coisas diferentes e nos divertimos constantemente, mas o fato de nao poder ver/estar/falar com meu namorado sempre, nao ter contato com minha família e com a lazy, nao almoçar a comida gostosa de sempre, tava me deixando incomodada. Até que soube que aqui em Buenos Aires haveria show de Damien Rice, nada mais, nada menos que meu cantor favorito. O melhor de todos. Pros dias tristes, melancolicos e incompreensíveis, ele sempre foi minha soluçao. Enfim, tava na minha lista de shows que nao posso morrer sem antes assistir. Nao acreditava que esse dia estava tao perto.

Logo que soube, fui comprar o ingresso, e surpresa: estavam todos esgotados. Pesquisei outras cidades que ele faria show e outra surpresa: iria fazer show na minha cidade! "Que diabos eu estou fazendo em Buenos Aires, quando deveria estar em Floripa pra ver o show dele?" Foi a primeira coisa que pensei. Cogitei seriamente a possibilidade de voltar mais cedo pra casa e enfim ver o show da minha vida.

Mas nao. Ontem foi o dia do show aqui. Fui lá na porta tentar encontrar alguém desesperado querendo vender o ingresso para alguém desesperada pra assistir o show. E consegui na própria bilheteria, nao sei como, mas ainda havia. 30 pesos mais caro. Mas se tratando de Damien Rice, qualquer preço que tivesse na minha carteira, eu pagava. Sentei na 4a fileira ao centro. Inacreditável. Sem palavras pra esse show. O melhor de todos. Pelo dia de ontem, valeu a pena viver. Emocionante do começo ao fim, lindo em todas as palavras. As coisas que ele diz, canta, pensa, tudo que faz, me identifico muito. Muito. Todas as palavras... incrível!

E pra melhorar, depois do show, consegui falar com meu namorado, e ainda me dei o luxo de gastar o tempo do cartao falando bobagens. Enfim uma noite bem dormida, uma motivaçao boa pra continuar em Buenos Aires mais duas semanas longe do meu amor. Mas agora passa rápido. Semana que vem já me vou. E se as duas primeiras semanas passaram rápido, depois do show do Damien Rice, as próximas duas passarao mais ainda.


Hasta luego!

domingo, 4 de janeiro de 2009

o primeiro vôo.

Tenho menos de uma semana agora. 6 dias. Mas levando em conta que faltam 2 horas para chegar amanhã, então me faltam praticamente 5. 5 dias pra organizar o que levar na mala, pensar em questões práticas como: lá vai ter cozinha? onde posso lavar minhas roupas? quanto de dinheiro preciso levar? tenho onde sacar dinheiro?

É. De fato viajar sozinha é sempre um desafio. Já fiz isso antes e me dei bem, mas nas viagens curtas estava com os amigos e em hotel; e nas longas, na casa de parentes. Agora, viajar sozinha por um mês e dividir apartamento com mais duas pessoas desconhecidas, realmente é um grande passo pra minha humanidade. Tô ansiosa para ver o que posso oferecer pro mundo, e ver o que ele tem pra deixar em mim.

Esse deve ser o primeiro post mais sincero com a proposta do meu blog: Lígia pro mundo. E é isso, minha gente. Tô indo pro mundo, e um dia eu vou pra não voltar mais. Fui pra Buenos Aires recentemente, mas fiquei de turista, 4 dias, café da manhã de hotel e Dawson's Creek em espanhol. Volto pra lá pra ficar um mês, pratico meu espanhol, conheço gente nova e o melhor de tudo: me viro sozinha.

Fujo de Floripa com orgulho. Sair daqui é a minha melhor opção. E eu adoro ela! Se pudesse querer mais, levaria meu namorado junto. Mas uma coisa de cada vez. Agora é a vez do meu primeiro passo. Quero dizer, do meu primeiro vôo. Tô orgulhosa de mim. Finalmente me lanço pro mundo sozinha. Dessa vez eu volto. Mas depois, meus queridos, não tem quem consiga manter esse pássaro na gaiola!