quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Do aeroporto pro mundo

Eu gosto de fazer as malas. Significa que eu vou viajar. Não importa por quanto tempo, pra qual lugar. Gosto de estar na estrada, conhecer lugares diferentes. Antes eu ficava fascinada toda vez que viajava de avião, talvez por ser novidade, mas acho que por ter viajado um bocado de vezes, avião decolando ou pousando não me impressiona mais, pelo contrário. Será que um dia vou deixar de me impressionar, por exemplo, pela Europa?

Estar de partida me agrada, não sei na verdade por qual motivo. Já falei mil vezes que sinto não pertencer a minha cidade, e que talvez a nenhuma outra. Porém, o que me incomoda partir é ter que deixar as pessoas que eu gosto e me fazem bem. Ultimamente eu assumi duas posturas na minha vida: não me preocupar demais e não me apegar muito às coisas e pessoas, pois eu sei que um dia vou partir e terei que os deixar.

Seja lá quando e pra onde eu for, sei que levarei comigo um pedaço de cada pessoa que faz parte da minha vida. E assim irei me moldando: sendo um pouco de mim e um pouco de quem eu gosto. Não tem aquela história que ficamos parecidos com nossos amigos? É isso. E o lugar que eu deixar, ficará um pedaço de mim. Gosto da idéia de deixar nas pessoas um pouco de mim também. Me dei conta agora que outra coisa que eu sempre quis, além de viajar pelo mundo, é deixar minha marca por onde passo. Gosto quando as pessoas lembram de mim por coisas que eu fiz ou falei, quando lêem algo meu, assistem algo que eu fiz e ali, me reconhecem.

Acho que isso tudo se trata de sentir saudade. Porque eu tenho essa vontade fulminante de sentir saudade das pessoas? Talvez a graça de partir, seja voltar. Mas e se o plano não for voltar? Digo, não é uma viagem por alguns dias, é um planejamento de vida: é daqui, pro mundo, é lígiapromundo. Se eu viajar mundo afora, eu volto? E se eu voltar, como será? As minhas pessoas ainda serão as minhas? Eu ainda serei delas? Ainda estarei formadas por aquelas pessoas que deixei, ou estarei por outras?

Não canso de me perguntar o que eu realmente quero da minha vida. Hoje eu acordei concluindo que eu mudei, que não sou mais a Lígia de 18 anos, quando entrou na faculdade. Eu tenho 21 agora, e acho que ainda tô longe de ser quem eu serei aos 26, mas não tanto quando eu estava aos 15. E afinal, quem eu quero ser? Aonde eu quero estar? Estarei fazendo o que aos 26? Vou estar ilegal em algum país? Com um filho? Com dois? Casada, separada, morta? Famosa, desconhecida, com quantos filmes lançados, quantos livros publicados? Algum, afinal? Quanto mais eu penso, menos eu sei. E essa, já tinha concluído a um tempo atrás, deveria ser minha terceira postura de vida: não pensar tanto tempo naquilo que ainda não tem resposta. Pra tudo tem sua hora, Lígia. Já repeti isso umas tantas vezes. As respostas sempre aparecem na hora certa. E enquanto não chegam, a única coisa que me resta fazer é me divertir. Aproveitar meus amigos, meu namorado, minha família. Construir hoje o que eu quero ser agora. E amanhã, deixa pra amanhã.

Bom, chegou a hora do meu embarque. Em duas horas chego na minha cidade de novo. Curiosamente estou ansiosa pra voltar.

Um beijo a todos vocês que me fazem bem, que me fazem querer ficar aqui. E não é preciso citar nomes, cada um sabe da importância que tem pra mim.

2 comentários:

Fox Mulder disse...

Só discordo desse negócio de decidir não se apegar às coisas e pessoas, até porque não funciona (ou talvez não funcione pra mim apenas), e também porque a graça da vida (uma delas) ta aí, mesmo vc sabendo que eventualmente vai deixá-las.
Enfim, sou muito feliz por ser um pedaço da sua vida, e mais ainda por carregar um pedaço de ti comigo pra sempre, pra onde quer que eu vá.
;*

Nataly Callai. disse...

posta no teu blog?
obrigada. beijos.