domingo, 28 de dezembro de 2008

Ela não tá, Lígia

Cheguei de viagem, subi com as malas e as compras do mercado. Abri a porta e ao botar a chave do lado de dentro percebi uma coisa: minha mãe não está. De costas pra casa, ninguém veio me receber; não havia um som sequer. Percebi outra coisa: a minha cachorra também não está. Estou sozinha. Olhei para a sala, e aquele grande espaço sem móveis algum pareceu maior ainda, pois nem a cama da Lazy estava mais ali, naquele cantinho. O silêncio nunca foi tão grande. Guardei as compras e trouxe a mala pro meu quarto. Liguei o computador e chequei os e-mails. Ninguém vinha entre minhas pernas pedir carinho, nenhuma alma se apoiava na minha perna, arranhando meus braços tentando alcançar a lingua no meu rosto.

Agoniada, fui pro sofá. Liguei a TV e me dediquei a trocar de canais compulsivamente. Esqueci o quanto a TV é ruim, principalmente nos finais de semana. Logo começou O Poderoso Chefão. Foi ele então o escolhido. Quando percebi que tava esticada ocupando todo o espaço, dobrei as pernas e bati duas vezes no sofá para a Lazy vir deitar comigo ali. Ela sempre vem e usa minhas pernas como travesseiro. Mas ela não veio. "A Lazy não tá, Lígia". Mudei de posição e continuei assistir o filme. Como de costume, peguei no sono. Levantei pra ir pra minha cama eram meia noite e pouco. Já estava começando O Poderoso Chefão 2, mas seria demais pra mim, não aguentaria 10 minutos acordada. Eu tava realmente cansada. Antes de ir pro meu quarto, apaguei todas as luzes. Fui na área de serviço checar se ainda havia comida pra Lazy. Mas em vão. Deitei na minha cama, li um pouco antes de dormir e logo apaguei.

Hoje eu acordei com o som das patinhas dela no piso de madeira. Tudo coisa da minha cabeça. Nossa, como ela me faz falta! Abri meus olhos e vi se ela tava deitada no tapete do lado da minha cama, como sempre acontece quando durmo com a porta aberta. Não, ela não tava. Não precisei rolar na cama, pro lado da parede com receio que ela se apoiasse na cama tentando me alcançar pra fazer carinho (as unhas afiadas mais machucam que fazem carinho, mas vai explicar pra ela...). Levantei e olhei de novo para o canto da sala que fica a caminha. "A Lazy não está, Lígia". Tive que repetir algumas vezes até enfim acordar.

Fui na cozinha fazer um lanche. Mas antes passei na área de serviço para checar se tinha comida e água. Merda! De novo! Ela não tá. Volta só segunda. Se-gun-da. Vim pro computador de novo. E agora tô aqui, escrevendo no blog. Um momento que ela sempre vem pedir atenção. Ou se apoia na cadeira entre minhas pernas, ou sacode o brinquedo na boca fazendo sons e esfregando ele na minha perna até eu pegar dela, jogar na sala, ela ir lá correndo, buscar e ficar fugindo toda vez que eu tento pegar de novo. Eu nunca fui de sentir saudades, mas ultimamente essa palavra tem tido um significado enorme. Mas agora é esperar até segunda-feira pra então buscar minha linda cachorra no hotel. Enquanto isso vou lá ver se precisa limpar o jornal dela.

domingo, 21 de dezembro de 2008

pra cada tempo, uma razão - a resolução

Finalmente! Finalmente tive bons dias de férias. Na quinta-feira, quando escrevi o último post, fui pedalar na Beiramar de manhã e depois tomei um banho bem demorado. Minha energia mudou. Com certeza a inércia tava me deixando maluca. A impaciência e a vontade de sair da zona de conforto foram mais tarde explicadas pelo fenômeno feminino chamado tpm. Eu esqueço que sempre que ela aparece, vem destruindo com a minha rotina e tirando toda a poeira acumulada em mim. Que bom!

Passei o final de semana na minha casa de praia. Fomos eu, meu pai e a Lazy. Ah como era isso que eu tava precisando! Ficar longe do computador e da televisão. Meu pai e eu fomos no mercado, organizamos os conjuntos das roupas e cama e separamos os cds que estavam sem as caixinhas e as caixinhas que estavam sem cds. Almoçei o arroz dele e de sobremesa sorvete com frutas que ele também preparou. Saudades de ser mimada por ele. Aliás, um dia escrevo um post inteiro sobre meu pai. É o melhor do mundo! Era realmente isso que eu precisava. Pegar um sol no corpo, passar um tempo diferente com meu pai e beber com os amigos. Como sempre podia ser mais perfeito, faltava minha bicicleta e meu namorado! Mas enfim, do jeito que foi, não posso reclamar.

Agora pronto! Reciclei. Voltei pra casa agora a noite depois de um dia de preguiça gostosa. Amanhã finalmente é meu último dia em Floripa. Terça de manhã vou pra porto alegre ver os parentes, revelar o amigo secreto, passar mais dias diferentes com meu pai e principalmente: tomar um banho de cultura. E depois finalmente chega a hora de rever meu namorado que tanto me faz falta por aqui. Definitivamente, pra cada tempo, uma razão.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

para cada tempo, uma razão

Ontem a noite custei muito pra dormir. Ficava de olho aberto sem piscar por muito tempo. Virava prum lado, pro outro, esticava a perna, girava o tronco, e nada. Eu tava com uma dor no peito, uma sensação muito agoniante. Eu tava ali cansada, em silêncio, deitada na cama e me sentindo incapaz de conseguir dormir. Lembro que antes de dormir eu chorei. Não sei ainda ao certo o porquê, mas fazia tempo que eu não chorava. Acho que é um pouco de saudade misturado com inércia e de novo, incapacidade.

E hoje eu acordei estranha. Não tava entendendo muito bem as coisas que aconteciam a minha volta. Não que tenha descido uma nave espacial aqui do lado, muito pelo contrário. Não teve nada de diferente. Na verdade ainda tô bem desnorteada, e um pouco impaciente, eu acho. Não sei o que devo fazer com tudo isso. Tem uma confusão na minha cabeça que acho que nem me expressar consigo direito.

Tem dias que eu acordo do avesso mesmo, e fico horas quieta com meus pensamentos até entender o que se passa. Mas fico perturbada quando eu não acho a resposta. Eu acordei eram 8 e meia, tô quieta já faz uma hora e ainda não aliviou o incomodo no meu peito. Definitivamente preciso sair de casa. Acho que pode ser isso. Ficar muitos dias em casa, sem fazer nada, durante o dia inteiro me deixa maluca. Eu não quero me acomodar nas férias. Não quero ficar largada e ter mais um dia inútil. Deve ter sido isso. Minha estagnação passou do limite.

Esse post tem que acabar logo antes que eu ache que estou errada e passe mais uma tarde em casa. Preciso sair. Preciso viver. Acho que agora aliviou um pouco minha confusão. Foi estranho. Devia ter começado a escrever antes. Enfim, tudo tem sua hora. E a minha de sair daqui chegou.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

às férias

Eu não gosto das férias. Eu deveria, mas não gosto. Todo o fim de semestre eu imploro pra que acabe logo. São tantas coisas a fazer, tantos trabalhos a entregar, tanta coisa pra pensar que tudo que quero é uma longa folga merecida. Mas aí chegam as benditas e eu começo a reclamar. Uma semana de férias já me cansa. Claro que se as aulas começasse logo em seguida eu reclamaria mais ainda. Provavelmente a culpa é minha que não sei aproveitá-las.

Assim que acabaram minhas aulas de fato, passei quatro dias na casa do meu namorado com os amigos dele, antes de viajarem. Tava bom. Tava muito bom daquele jeito. Acordava a hora que meus olhos abriam, me levantava a hora que minhas pernas pediam. Ficava largada com ele o dia todo. Conversávamos, ríamos, bebíamos e nos divertíamos o dia todo. Tava bom daquele jeito. É bom passar férias com outras pessoas, ainda mais junto com as que nos fazem tão bem. Mas agora ele viajou, e enquanto não chega a semana do natal, nem a do ano novo, nem o começo de janeiro, eu passo essas maravilhosas férias, tão implorada por mim há algumas semanas atrás, jogada no sofá.

Eu até paro pra pensar se eu sou assim sozinha no mundo por opção ou por coincidência. Acho que os dois. Eu sei que não tenho só o meu namorado de boa companhia, mas às vezes sinto que pro dia-a-dia, só a dele me satisfaz. A dos amigos é pros encontros em festas, em jantares, em programas combinados, sei lá. O que tem pra fazer nessa cidade estagnada quando não se tem faculdade pra ir nem trabalhos pra fazer? Minhas atuais companhias desapareceram pra suas cidades natais, e eu fico na minha cidade natal. Devia ter nascido em São Paulo. Não. Eu podia até ter nascido em Floripa, mas devia ter nascido aquela pessoa que vira melhor amiga de todo mundo no primeiro minuto que conversa. Assim não me faltariam convites pra sair, nem companhias pra beber. Não. Pensando bem, não devia.

Tudo bem que era o que eu pedia. "Quero férias pra relaxar. Vou assistir vários filmes e ler livros e me inspirar bastante pra ter o que escrever, ter o que pensar e falar. Ter idéias pro meu TCC..." Posso retirar o que eu falei, deus?! Eu gosto de fazer isso tudo. Gosto mesmo! Mas só quando acordo com vontade de me sentir inspirada com livros e filmes. Não quando levanto de manhã, olho pra casa e vejo que além de brincar com minha cachorra não tem mais nada pra fazer. Só resta me jogar no sofá e assistir os filmes da tv - que nunca são os que eu realmente tava afim de ver. Me resta comer também, e brincar com a Lazy. Se bem que ultimamente ela tem feito mais juz ao nome que em qualquer fase de sua vida.

Como eu disse antes, provavelmente a culpa é minha e não das férias. Apesar das minhas sempre serem assim entediantes. É quase como um domingo eterno. Um domingo que dura 3 meses, salvo 1 semana de viagem pro natal. Acho que é isso. Só sirvo pra rotina se nela eu produzir algo. Nas férias não produzo nada, então a rotina não serve. Então eu viajo. Eu, esperta como sou, já previ uma, mas só em janeiro. Até lá faço o que aqui? Mofo como um pão vencido, ou grudo no sofá como chiclete em havaianas? Acho que vou passear com a Lazy.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

aos amigos.

É engraçado quando paro pra pensar sobre a minha relação com outras pessoas. Ontem a minha mãe me contou que um cara que a gente conhece a muito tempo enrolou ela numa venda de carro que ele ficou de cuidar. Eu disse que não gostava dele, e que desde que eu conheço ele (põe aí uns 12 anos) sinto que não me agrada. Esse cara nunca fez nada de mal pra mim, nunca prejudicou ninguém que eu conheço (até ontem) mas eu sempre tive a sensação de que ele era um escrotinho de merda que veio pra esse mundo a fim de levar vantagem em cima dos outros. E não é que eu tinha razão?

Tem gente também que não presta pra conviver por muito tempo. Não que seja assim com todos, mas comigo é. Tenho um amigo, que meu sentimento por ele é de amor e ódio. Tem dias que ele é a pessoa mais engraçada, inteligente, comapnheira que se tem, e eu adoro. Passo dias falando dele pras outras pessoas e dizendo o quanto adoro ser amiga dele. Porém, outros dias só de chegar perto já me causa mal estar e me irrita um 'ai' que ele fala, me causa repulsa. Vai entender.

Mas o que me inspirou a escrever esse post de hoje foi o post da minha amiga Naly - que eu sempre faço questão de dizer que não é Natália, nem Nátaly nem Natalí, mas Natály (sem o acento). Ela tem um blog e posso dizer com orgulho que essa menina tem futuro e que tenho muito prazer de ser amiga dela. Todas as vezes que li qualquer linha que ela escreveu; seja em roteiro, crítica, scrap, msn, blog, de alguma forma me identifiquei. Eu comentei hoje no blog dela dizendo que em alguns momentos eu sinto como se eu fosse uma extensão dela, ou ela minha, porque muito do que ela faz e pensa é muito parecido com o que eu faço e penso. Ela é um pouco do que eu sou com um pouco do que eu quero ser. Não sei se pra ela funciona igual, mas comigo é muito forte. (e nunca disse isso pra ela, então vai ser uma grande novidade; apesar de achar que não escondo muito isso, enfim!)

E é sobre esse tipo de conexão que me fez querer escrever hoje. Tem gente que de cara eu já sinto uma atração que não dá de explicar direito. No caso da Naly isso foi se tornando mais visível com o passar dos semestres na faculdade. Essa sexta fase foi a prova viva disso que eu tô falando. Já sabíamos que seria o semestre mais meia boca de toda a faculdade, mas não imaginávamos que superaria a segunda fase. Mas foi na hora do aperto que distinguí com clareza o que serve e o que não serve pra mim.

Depois de vários problemas na realização do filme-fracasso da disciplina de Direção III, eu tive mais certeza de quem eu sou e de quem eu quero por perto. Eu sou aquela que faz. Que quando precisa, vou atrás e consigo, tento sempre fazer da melhor forma, não passando pro cima de ninguém e tentando agradar a todos. E eu quero por perto pessoas como eu, como a Naly, que não te deixa na mão, dá pra contar pro que precisar, tá sempre pronta pra ajudar os amigos. A Naly é a amiga que eu quero que conte comigo no tcc dela e que faço questão de continuar mantendo contato depois que o 4o ano da faculdade.

Enfim, só queria homenagear aqui todos aqueles que me fazem bem. Que estar perto de pessoas assim só me deixa mais segura e mais contente por saber que o mundo não está perdido e que eu jamais estarei sozinha. E não é só a Naly que é assim, tem muito outros que também me deixam bem. Mas foi ela quem me inspirou a escrever tudo isso, então só ela ganha créditos! :)

Um beijo enorme a todos meus queridos amigos e sim, também pra ti, Nataly Callai.

*Visitem o blog dela, é mesmo muito bom!
http://palavrices.blogspot.com/
(sei que o meu não é o melhor blog pra divulgar, mas a gente tenta hahaha)