sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Trégua

ontem tentei postar aqui, mas não vinha nada. e toda vez que começo a escrever meus dedos perdem o controle e vão escrevendo compulsivamente, até o texto estar pronto sem eu mesma ter percebido. mas enfim, não é disso que vim falar.

ontem antes de ir dormir, peguei o Werther pra continuar a ler. Eu sempre sofro com os inícios dos livros, porque fico agoniada querendo já estar na metade dele, mas esse do Goethe tava me deixando aflita por que não estava conseguindo me identificar com ele. Então resolvi trocar. Peguei o outro que tava na fila de espera: Mário Benedetti: A Trégua. E pronto! Era ele que eu tava precisando ler. Não sei direito o que vim escrever sobre ele, mas quando eu estava o lendo, me identifiquei de imediato. Especificamente com um parágrafo que ele escreve no dia 18 de fevereiro (quase hoje!!). Eu não gosto muito de escrever trechos de livro, mas esse de alguma forma disse muito sobre algo que me diz respeito, mas ainda não sei o que é. Então não posso perder a oportunidade de compartilhar essa minha incerteza de sentimentos:


"(...)Não, não se parecem comigo. Nem se quer fisicamente. Esteban e Blanca têm os olhos de Isabel. Jaime herdou dela a testa e a boca. Que pensaria Isabel se pudesse vê-los hoje, precoupados, ativos, maduros? Tenho uma pergunta melhor: o que eu pensaria se pudesse ver Isabel hoje? A morte é uma experiência tediosa; para os outros, sobretudo para os outros. Eu deveria me sentir orgulhoso por ter seguido adiante, viúvo e com três filhos. Não é orgulho, porém, o que sinto, e sim cansaço. O orgulho serve para quando se tem vinte ou trinta anos. Seguir em frente com meus filhos era uma obrigação, a única maneira para que a sociedade não me enfrentasse ou lançasse o olhar inexorável que se reserva aos pais desalmados. Não havia outra solução, de modo que segui em frente. Mas tudo teve esse caráter demasiado obrigatório para que eu pudesse me sentir feliz."


E de novo me sinto incomodada com esse texto sem saber o porque. Fico sem palavras pra fazer algum comentário. Quem sabe amanhã ou depois. Mas não hoje, não agora. Preciso pensar sobre isso. Sozinha. Preciso entender porque ele me provoca tanto. Não esperem por mim. Vão ler esse livro, que já na terceira página me revirou a cabeça.

10 comentários:

Leo Pinheiro disse...

Crise criativa é normal, entre blogueiros, escritores...

Menos entre jornalistas, que somos obrigados a , de uma maneira ou de outras (rs), produzir textos...

Com o dead line apertadíssimo!

FOX G disse...

concordo com leo...por isso que meu blog é de downloads :D

www.freestylepro.blogspot.com

Unknown disse...

Lindo post, livros realmente são fontes inesgotaveis de imaginação e provocação, a arte de ler é desvendar as mais belas partes da vida, ain..como é bom..Boa leitura!=D abçs

Luciana Rodrigues disse...

Concordo com o LEo também, crise criativa é normal
;x
Po, seu post me deixou curiosa para ler esse livro, acho que vou procurá-lo ainda hoje!
=DD

Nataly Callai. disse...

Não conheço o livro, mas já gostei. Acho que essa coisa anti-herói do cara falando que não se sente orgulhoso, não sei, comlexifica muito mais as coisas. Se for teu, empresta?

Marton Olympio disse...

Adoro o Damien também.
Conhece Alexi Murdoch?
Vale a pena.

Quanto a livros, tente Cortazar, já que esteve em BsAs, nada melhor que respirar um pouco mais aqueles ares.

Beijos e parabéns pelo Blog

Unknown disse...

damien é da hora..

gosto pouco de ler..mas livros qe vira a cabeça são bons..fazem vc ter um outro olhar!

Wagner Lopes disse...

Ainda não li esse. Vou procurar

*** I.C *** ** The One ** disse...

todos nós temos essas crises... É normal... Mas tem alguns que acompanham o blog e ficam perguntando: Vai atualizar quando? Largou mesmo o Blog??? Mas isso passa... Até uva passa

Ramon Assis disse...

Não irei comentar o que achei do trecho, gostaria que você sozinha, conseguisse descobrir porque essa passagem literária meche tanto em seu anterior!

Hei, eu também não me identifiquei com Werthe do Goethe, prefiro muito mais um Thomas de Milan Kundera ou um Dmitri de Dostoievski!

VEm cá,uma pergunta:

"Mas tudo teve esse caráter demasiado obrigatório para que eu pudesse me sentir feliz."

Esse homem de fato, no livro, conseguiu encontrar a felicidade em algum momento?

Ele parece mais um dos bilhões de pessoas, que seguem na vida, apenas como se fosse obrigado a seguir. Sem viver a sua plenitude, preocupado com o julgamento alheio... (ihh, acabei tirando minhas conclusões do trecho..)

mas então, quando terminar de ler o livro, se puder, vc me responde se ele conseguiu ser feliz..

Abraço!

http://eusoututueseu.blogspot.com/