segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

eu imploro: (não) me escute

tem um copo na minha frente. não fui eu quem deixou. foi você? eu não quero saber. não me conte. não quero saber. por favor, não me conte.


eu fecho os olhos pra não saber. é mais fácil não saber. por favor, não me conte se você sabe de alguma coisa.


eu não estava lá quando aconteceu mas é como se eu estivesse. eu não vi nada, mas poderia te descrever tudo. se eu estivesse lá, eu descreveria com mais detalhes (eu não quero saber se eu estava lá, eu não quero lembrar de nada. por favor, não me conte)


as coisas não são como a gente acha. eu olho para esse copo e me pergunto quem colocou ali. eu pergunto só para mostrar que me importo. mas a verdade é que eu não quero saber da verdade. eu imploro que fechem meus olhos porque eu não quero ver. ou então apaguem as luzes, assim eu tenho certeza que não enxergarei nada mesmo que meus olhos se mantenham abertos contra a minha vontade.


não me conte o que eu não quero ouvir. eu quero simplesmente abrir os olhos e ver que já passou. que já aconteceu. só me diga coisas boas.


por favor, não me magoe, não me faça chorar. eu imploro. deixa eu deitar no seu colo, me faça cafuné. diga que você gostou do filme que assistimos, não me conte que dormiu nele o tempo todo. me diga que você precisa ir porque tem prova, não me conte que você não quer mais ficar comigo.


não me abandone, não me faça chorar. por favor, eu imploro. não me conte quem bebeu neste copo.


eu só quero saber que você estava aqui o tempo todo.

2 comentários:

Raquel Stüpp disse...

ai.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.